O carioca Olavo Bilac é sem dúvida um dos mais importantes poetas brasileiros, sendo inclusive sócio-fundador da Academia Brasileira de Letras. Figura contraditória e de muita personalidade, Bilac foi considerado em sua época o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”. Jornalista boêmio, abolicionista e republicano, Olavo Bilac chegou a ser preso pelo presidente Floriano Peixoto por subversão. Após a prisão, exilou-se em Minas Gerais e continuou suas lutas por diversas causas. Dentre elas, o serviço militar obrigatório, a instrução primária para toda a população e o escotismo. Já sua obra foi bem mais importante, e suas poesias oscilavam entre a fidelidade à estética parnasiana e a popularização de seus versos, declamados nas ruas e nas festas brasileiras no início do século passado.
A Boneca
Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira: "É minha!"
— "É minha!" a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.
Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca . . .
Nenhum comentário:
Postar um comentário