Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife no dia 19 de abril de 1886. Poeta, professor, crítico de arte e jornalista, Manuel Bandeira contraiu tuberculose aos 18 anos. A doença fez com que ele abandonasse o curso superior na Escola Politécnica de São Paulo e viajasse por todo o país em busca da cura. Mesmo assim, sua obra é considerada ainda hoje como uma das mais importantes da literatura brasileira. Manuel Bandeira teve também destacada participação no movimento modernista brasileiro, tendo sido uma das mais importantes figuras da Semana de Arte Moderna de 1922. Em nossa biblioteca, você pode encontrar os livros Libertinagem/Estrela da Manhã, Antologia Poética, Berimbau e muitos outros livros que trazem o melhor da poesia desse gênio de nossa literatura.
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei.
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
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