segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Conheça a poesia de Carlos Drummond de Andrade

Em 31 de outubro de 1902, nascia na cidade mineira de Itabira do Mato Dentro um dos maiores poetas que nosso país já conheceu: Carlos Drummond de Andrade. Durante a infância, Drummond foi um aluno rebelde, não se adequando à rígida disciplina escolar de sua época. Acabou expulso do Colégio Anchieta, por “insubordinação mental”. Essa característica, que lhe trouxe alguns problemas na juventude, acabou sendo a maior marca de sua obra: não se subordinar a nenhuma regra da poesia. Drummond não se limitava às formas fixas, mas também não podia ser taxado simplesmente de modernista. Era sim um gênio no que se propunha a fazer, fosse um soneto (poema de forma fixa, que sobrevive desde o século XIII), fosse um poema-piada em versos livres. Confira o poema "A verdade":


(matéria originalmente publicada no jornal Notícias da Bia n. 3 - outubro de 2005)



A Verdade (Carlos Drummond de Andrade)

A porta da verdade estava aberta,
Mas só deixava passar
Meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil de meia verdade,
E a sua segunda metade
Voltava igualmente com meios perfis
E os meios perfis não coincidiam verdade...
Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta,
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual
a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela
E carecia optar.
Cada um optou conforme
Seu capricho,
sua ilusão,
sua miopia.



E muito mais sobre o autor em seu site oficial: www.carlosdrummond.com.br


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